De forte influência afriacana, a presença das Taieiras no Brasil remonta a 1760.

Ligada ao culto nagô, traz o ritual dos cortejos com a presença de rainhas, retomando a pompa das nações africanas entre nós.

Taieiras

Taieiras (Foto retirada do Flickr de Irineu Fontes)

Sobre as Taieiras

O tambor marca o ritmo dolente dos seus cantos remanescentes dos reinados dos congos. Palavras africanas são alternadas com os versos dedicados a São Benedito e Nossa Senhora do Rosário.

Avanços, recuos, evoluções em fila e em círculo além da meia lua, complementam os cantos com o “tirante” ou guia puxando os versos que são respondidos pelos brincantes.

Na antiga capital de Sergipe – São Cristóvão, as Taieiras eram comandadas pela ex-escrava Romana e suas amigas também ex-escravas. Maria Cabeça, Antônia, Delfina, Maria Angola, Gertrudes, Rufina, Raimunda desfilando sua beleza negra saindo do beco São Thomé para a frente da Igreja do Rosário onde faziam seus louvores. Dançavam ricamente vestidas com saias enfeitadas, batas com fitas, chapéus e ainda bengaldas de cabo de prata, cantando no rítmo do batuque.

Com o passar do tempo outras componentes das Taieiras surgiram.

Uma delas foi a africana Siá “Fulorinda” que em 1892 chegou a São Cristóvão e chefiou as Taieiras com o apoio de Dona Maria Andrelina dos Santos, rendeira que preparava com os bilros, bicos e rendas para os seus trajes, além de fazer o mais gostoso mungunzá da cidade.

Depois de “Siá Fulorinda”, quem chefiou o grupo foi Dona Mariquinha, irmã de Dona Andrelina e tia avó de Mestre Jorge.

A partir daí, a Taieira se desligou do culto nagô e recebeu o nome e Taieiras de “Boa Vida”. Depois por longo tempo passou desativada. A Taieira só voltou a funcionar em 1999 quando o Senhor Jorge resolveu, ao voltar do Rio de Janeiro, onde permaneceu 30 anos, assumir a chefia da “Taieira Boa Vida”, mas se afastando da influência africana, embora se apresente na festa dos Santos Reis.

Agora, a saia é de chitão, enriquecida com bicos e rendas e uma fita larga branca na cabeça. Mantém a sandália branca e o xale ao ombro como sinal de nobreza.

Os cantos porém são outros, dedicados aos Santos Reis. Alguns da autoria do próprio Mestre Jorge sem nenhuma ligação com os cantos tradicionais.

Fonte: Casa do Folclore “Zeca de Noberto” – São Cristóvão (SE).